Hérnia inguinal  

Introdução:

 

O abdômen é um compartimento que contém fígado, estômago, baço, intestinos, dentre outros.

Como toda caixa, o abdômen tem suas paredes. Existe uma parede interna, firme, e uma parede externa, frouxa (basicamente gordura e pele).

O “elemento firme” da parede interna é o músculo. Porém nessa caixa existem pontos sem músculo, que são seus “pontos fracos”. Nesses pontos existem aponevroses e fascias, tecidos resistentes que garantem a firmeza da caixa mesmo nos pontos que não tenha músculo. Os pontos fracos mais comuns são o umbigo e as virilhas.

Algumas famílias têm como característica uma deficiência na síntese de colágeno. Essa deficiência leva à fraqueza das aponeuroses e fascias que protegem os pontos fracos e, dessa forma, surgem buracos na estrutura firme do abdômen. Aos buracos na “estrutura firme“ damos o nome de hérnia. Quando a hérnia ocorre na virilha damos o nome de hérnia inguinal (essa é a localização mais comum das hérnias). As hérnias inguinais são hérnias que ocorrem na região da virilha, e correspondem a 75% de todas as hérnias abdominais. Este tipo de hérnia é 25 vezes mais comum em homens do que em mulheres.

 

O intestino passa pelo orifício: se hernia


Sinais e sintomas:

 

O paciente com hérnia inguinal se queixa de abaulamento nesta região, com dor discreta associada, que piora com o esforço abdominal (tosse, evacuação, exercício, levantar objetos pesados). Ao exame, o médico percebe o abaulamento da região inguinal, que fica mais evidente quando o paciente aumenta a pressão abdominal por solicitação do médico.

 
O conteúdo do abdômen (principalmente os intestinos) se encaixa pelas hérnias e fica recoberto apenas pela parede frouxa, externa (gordura e pele). Essa passagem dos intestinos pela hérnia cria um “caroço mole” que empurra a pele. Geralmente quem tem hérnia costuma empurrar os intestinos, através da pele, para dentro do abdômen. Essa manobra pode ser dolorosa e algumas vezes impossível.

 

Uma hérnia inguinal à direita em uma mulher

 

Tipos:

 

Existem dois tipos de hérnia inguinal, a direta e a indireta. A diferenciação do tipo de hérnia inguinal, direta ou indireta, não tem importância no momento da consulta porque o tratamento é semelhante para os dois tipos.

 

Hérnia inguinal direta:

 

As hérnias inguinais diretas são as decorrentes da fraqueza da parede do canal inguinal, e são mais comuns em pessoas mais velhas e que se submetem a um grande esforço abdominal (profissionais, esporte, tosse crônica, constipação, obesidade).

 

Hérnia inguinal indireta:

 

As hérnias inguinais indiretas ocorrem devido a uma falha congênita da região inguinal, e por isso são mais comuns em crianças e adultos jovens.

Existe outra classificação: Quando não se consegue devolver o intestino, ocorre o que chamamos hérnia encarcerada. A hérnia encarcerada consiste uma urgência, pois se não for operada pode evoluir para necrose do intestino estrangulado, com peritonite e risco de vida: a hérnia estrangulada.


Tratamento

 

A cirurgia para hérnia se chama herniorrafia ou hernioplastia

 

O tratamento das hérnias inguinais é cirúrgico. Há alguns anos atrás a cirurgia consistia em recolocar o conteúdo herniário para dentro da cavidade abdominal, e a seguir corrigir o defeito do canal inguinal com pontos (sutura). O grande problema deste tipo de técnica é que se usa um tecido ruim e doente para o fechamento do defeito. Além disso, estes tecidos eram aproximados sob uma grande tensão, o que causava mais dor no pós-operatório. A associação de pontos em tecido doente e, ainda, sob tensão, era responsável pelos altos índices de recidiva das hérnias inguinais.

 

Devido a isto, atualmente a técnica utilizada é a colocação de tela sintética. Esta técnica corrige o defeito do canal inguinal sem tensão, já que o cirurgião adapta o tamanho da tela para cada caso, além de usar um tecido seguro e íntegro (tela) para a correção do defeito. A técnica com tela é a que apresenta os menores índices de recidiva de hérnia inguinal (menos de 3% dos casos). Outras vantagens deste método são a menor dor no período pós-operatório, a menor necessidade de repouso e o retorno mais rápido às atividades habituais do paciente. A aplicação da tela pode ser realizada tanto pelo método convencional (incisão na região inguinal) quanto por cirurgia vídeo-laparoscópica (através da colocação de pinças na cavidade abdominal). Rotineiramente usamos uma tela de material específico (tela plana de polipropileno) para revestir o defeito. Esse revestimento servirá como molde e suporte para que o paciente fabrique sua própria fascia.

 

Telas para tratamento de hérnia