Donovanose  

CONCEITO

  

Doença crônica progressiva que acomete preferencialmente pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. A donovanose (granuloma inguinal) é freqüentemente associada à transmissão sexual, embora os mecanismos de transmissão não sejam ainda bem conhecidos. A contagiosidade é baixa. O período de incubação é de 30 dias a 6 meses. É pouco freqüente, e ocorre mais freqüentemente em climas tropicais e subtropicais.

 

 

AGENTE ETIOLÓGICO

 

Calymmatobacterium granulomatis, bactéria descrita pela primeira vez em 1913, por dois pesquisadores brasileiros, Aragão e Vianna.

 

QUADRO CLÍNICO

 

Inicia-se com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil.

A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo se tornar vegetante ou úlcero-vegetante. As lesões podem ser múltiplas, sendo freqüente a sua configuração em “espelho”, em bordas cutâneas e/ou mucosas.

Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não há adenite na donovanose, embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Na mulher, a forma elefantiásica é observada quando há predomínio de fenômenos obstrutivos linfáticos. A localização extragenital é rara e, quase sempre, ocorre a partir de lesões genitais ou perigenitais primárias.

 

DIAGNÓSTICO

 

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 

A identificação dos corpúsculos de Donovan no material obtido por biópsia pode ser feita por meio de exame histopatológico, com as colorações pelos métodos de Wright, Giemsa ou Leishman.

 

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

 

Sífilis, cancro mole, tuberculose cutânea, amebíase cutânea, neoplasias ulceradas, leishmaniose tegumentar americana, e outras doenças cutâneas ulcerativas e granulomatosas.

 

TRATAMENTO

 

Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas); ou

Sulfametoxazol / Trimetoprim (160 mg e 800 mg), VO, de 12/12 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas); ou

Ciprofloxacina 750mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou

Tianfenicol granulado, 2,5 g, VO, dose única, no primeiro dia de tratamento; a partir do segundo dia, 500 mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica; ou

Eritromicina (estearato) 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo 3 semanas).

 

Observação: não havendo resposta na aparência da lesão nos primeiros dias de tratamento com a ciprofloxacina ou a eritromicina, recomenda-se adicionar um aminoglicosídeo, como a gentamicina 1mg/kg/dia, EV, de 8 em 8 horas.

 

RECOMENDAÇÕES

 

A resposta ao tratamento é avaliada clinicamente; o critério de cura é o desaparecimento da lesão. As seqüelas deixadas por destruição tecidual extensa, ou por obstrução linfática, podem exigir correção cirúrgica. Devido à baixa infectividade, não é necessário fazer o tratamento dos parceiros sexuais.

 

GESTANTE

 

Doença de baixa incidência em nosso meio. Não foi relatada infecção congênita resultante de

infecção fetal. A gestante deve ser tratada com:

 

Eritromicina (estearato) 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 semanas). Observação: no tratamento da gestante a adição da gentamicina deve ser considerada desde o início.

 

PORTADOR DO HIV

 

Pacientes HIV-positivos devem ser tratados seguindo os esquemas citados acima. Entretanto, o uso da terapia parenteral com a gentamicina também deve ser considerada nos casos mais graves.